O doleiro Alberto Youssef, principal alvo da Operação Lava Jato,
afirmou em sua delação premiada à Polícia Federal que pagou, em 2013, propina
de R$ 3 milhões para João Abreu, então chefe da Casa Civil do governo Roseana
Sarney (PMDB), no Maranhão, para viabilizar o pagamento de um precatório de R$
113 milhões da Construtora Constran.
"Foi acertado que o valor seria parcelado mediante
acordo entre a UTC/Conbstran sendo fixada uma comissão da ordem R$ 10 milhão a
ser pago pela empresa", revelou Youssef. "Mediante um acerto com João
Abreu ficou combinado que ele receberia parte do comissionamento, ou seja, R$ 3
milhões.
"Em depoimento no dia 24 de novembro do ano passado,
Youssef revelou que sua parte na transação foi de R$ 4 milhões e que o valor
foi retirado na empresa UTC - empresa que se associou à Constran. Youssef
prestou longa sucessão de depoimentos às autoridades da Lava Jato. No termo de
colaboração 51, o doleiro revelou que "por volta de julho ou agosto de
2013" se encontrava na sede da UTC com dois executivos do grupo, Walmir
Pinheiro e Augusto Pinheiro.
"Foi feita uma reunião onde estava presente João
Abreu, na época chefe da Casa Civil do Estado do Maranhão, a contadora Meire
Poza e um procurador do Estado (do Maranhão)", afirmou Youssef.
O precatório no valor de R$ 113 milhões seria vendido por
R$ 40 milhões, sendo que o governo do Maranhão participaria da negociação, por
meio de um fundo de investimentos e pagamento de propina.
Youssef afirmou ainda que Adarico Negromonte, irmão do
ex-ministro de Cidades Mário Negromonte, e Rafael Ângulo Lopes - carregadores
de malas do esquema desbaratado na Petrobrás - e uma terceira pessoa levaram
duas parcelas de R$ 800 mil reais do montante.
Youssef afirmou ainda que ele mesmo levou outra parcela
de R$ 1,4 milhão "o qual ele entregaria na data em que foi preso", em
um hotel em São Luiz (MA), no dia 17 de março do ano passado. O doleiro
afirmou não saber se João Abreu consultou a então governadora Roseana Sarney,
que deixou de ter direito a foro privilegiado. Youssef diz, porém, que o chefe
da da Civil afirmou ser interesse do Estado "pagar essa dívida".