*Por Pedro Jorge Alvarenga
Grajaú,
27/02/2017.
“O MENINO DA VILA”
Domingo de carnaval. Na Vila Kennedy
começa o movimento de concentração para o tão esperado desfile da Escola de
Samba Unidos de Vila Kennedy que, desta vez, prestará uma magna homenagem ao
seu filho querido – o inesquecível cantor Paulo Wanderson Feitosa Alvarenga,
fundador da Banda Wanderson & Cia. Wanderson nascido no bairro da Cidade
Alta, morou, cresceu e construiu sua história na Vila Kennedy, onde fortificou
seus laços de amizade e se revelou um dos grandes tecladistas da cidade de
Grajaú. Na sua rápida trajetória musical, Wanderson acompanhou cantores de
renome nacional e, no início de sua carreira, com apenas 16 anos de idade, era
o tecladista do cantor grajauense Ray Douglas. Tempo depois, optou por
fazer a sua própria banda, sendo o vocalista e tecladista e tendo no seu grupo
como backing vocais Márcia Ilha e Maurício, e na percussão Paulinho.
Era o Wanderson & Cia quem animava,
anualmente, a badalada festa dos maranhenses na Capital Federal – Brasília,
como também por ocasião do Carnaval, em Grajaú, tocava no Baile da Saudade,
Cheirinho e na Praça Raimundo Simas. Amado e admirado por todos, Wanderson
embalava as lindas noites de céu estrelado na Grajaú, integrando-se assim à
constelação dos grandes astros da música de nossa terra.
Foi na Vila Kennedy, quando menino, a
revelação do artista Wanderson, que se destacava na percussão quer tocando
samba, quer nas toadas de bumba meu boi. É um traço forte, na Vila, o movimento
cultural encabeçado pelo Nego Tonho que, além de marcador e organizador de Quadrilhas,
é um excelente Carnavalesco. E fruto do carinho inconteste do Nego Tonho pelo
Wanderson houve a escolha de homenageá-lo no desfile do Carnaval de Grajaú –
2017. Dessa maneira, cuidou-se logo de encomendar ao poeta Torquato Penha a
letra para o samba-enredo da Escola, sendo incumbido ao Mestre João Atenas a
música, a melodia e os arranjos para composição do enredo, do qual surgiu um
belo samba que foi cantado e aclamado por uma multidão de foliões que encheu a
Rua Patrocínio Jorge – antiga Rua da Tarrafa, no desfile da Unidos de Vila
Kennedy.
É costume da nossa gente católica
firmar compromisso antes ou depois da Santa Missa. Seguindo a tradição, por
volta das 22h, os integrantes da Escola já estavam se organizando na frente do
Clube Recreativo, de onde partiram passando pela Ponta Fogosa rumo à Praça
Raimundo Simas.
Vale aqui enfatizar a organização da
Escola formada, na maioria, pelos amigos do Wanderson e de seus familiares.
Destacou-se, no desfile, a presença de suas irmãs e filhos: a Valéria destaque
no carro abre-alas, ladeada pelos filhos do Wanderson – Rickelme e Vinícius –
que exibiam uma réplica do teclado do pai, e também estava acompanhada das
passistas mirins Larissa, Ana Clara e Joane Maria. A Vanessa era destaque à
frente da Ala da Família Alvarenga, esta composta por amigos e parentes
do cantor, entre eles: seus tios, primos e sobrinhos.
Abrilhantava também a bateria da Escola
o seu filho Sanderson, no tamborim, e os seus primos Pablo, Jessé Júnior e
Kleydvan que juntos reforçavam a batida ritmada dos tambores, dando coro ao
enredo. Na frente da bateria, destacavam-se a princesinha Ingrid – sobrinha do
homenageado – como também a figura do mascote de bateria Manoel Messias, filho
do Pablo.
Por fim, numa noite de rara beleza e de
muita emoção, na qual os foliões grajauenses homenagearam o ilustre filho, que
fora mais uma vítima dessa tal violência, que infelizmente assola o nosso
torrão natal, não poderíamos deixar de destacar a Ala dos Compositores,
na qual fazia parte o Mestre Atenas, o Torquato Penha e o Nego Tonho, à qual,
em nome do Conjunto do desfile e patrocinadores, a Família Alvarenga
registra aqui os seus mais sinceros agradecimentos por tão bela homenagem.
E na cadência do samba, em memória ao
“Menino da Vila”, despedimo-nos do Carnaval de Grajaú, ressaltando a marcante
frase da canção Cê que sabe, estampada no traje da bateria: “O que temos pra
hoje é saudade”, e ecoando o enredo...
“Wanderson,
Wanderson
Teu cantar
E tua
história ficarão
Para
sempre na memória
E no
coração da Vila
Que um dia
te viu nascer
Tua
lembrança
Sempre
viverá em nós
Cada vez
que nesta Vila
For ouvida
a tua voz
...
É a Vila
toda triste
Quem diz
não
A
violência”.