Polícia Federal informou na noite desta terça-feira (23)
que recebeu o segundo gravador utilizado pelo dono da JBS, Joesley Batista,
para gravar conversas dele com políticos. O primeiro aparelho foi entregue pelo empresário nesta segunda.
A entrega dos gravadores foi
solicitada pela PF, que procederá agora à análise dos aparelhos. A perícia foi
solicitada pelo presidente Michel Temer e autorizada pelo ministro Edson
Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
A PF não informou em qual dos
dois gravadores está registrada a conversa entre Joesley Batista e o presidente
Michel Temer. Segundo a Procuradoria-Geral da República, no diálogo, Temer deu
aval ao empresário para que ele comprasse o silêncio do deputado cassado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
Com base na gravação e em
informações prestadas por Joesley e o irmão Wesley Batista, Edson Fachin
autorizou a abertura de inquérito para investigar o presidente pelos crimes de
corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
A defesa de Temer contesta a
autenticidade da gravação e afirma que há supostas descontinuidades e
mascaramentos no áudio. A defesa do presidente contratou o perito Ricardo
Molina, que afirmou que a gravação é "imprestável"
como prova numa
investigação e não seria aceita em uma "situação normal".
Já o presidente da Associação
Brasileira de Criminalística (ABC), Bruno Telles, afirmou em entrevista ao G1 que não é possível realizar uma
perícia "confiável" e "minimamente conclusiva" em um áudio sem que o equipamento utilizado para
gravá-lo seja analisado.
Para o presidente da ABC, que
reúne peritos oficiais de todo o país, qualquer análise feita sem que o
gravador tenha sido periciado não pode ser levada em conta até que a Polícia
Federal conclua a perícia oficial.
Durante a entrevista, o
presidente da associação ressaltou que nenhum perito contratado por alguém
"vai elaborar uma perícia para piorar a situação de quem o
contratou".