“Tenho recebido mensagens de ódio, fotos de genitálias masculinas” diz professora da UFMA de Grajaú que se mutilou



Uma professora da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), que atua no campus de Grajaú-MA, publicou recentemente em redes sociais que vem sofrendo ameaças e assédios por meio de aplicativos de mensagens. Ela preferiu que sua identidade não fosse divulgada.

“Tenho recebido mensagens de ódio, fotos de genitálias masculinas […]. Tenho temido pela minha vida. Se eu for estuprada ou assassinada, já estou deixando meu desabafo”, diz a professora na publicação.

“Dei início ao processo e identificaram um número, que pertencia a uma mulher que ia ao mesmo grupo de orações que eu frequentava. A mulher foi chamada para depor e foi com um advogado, falando que roubaram os dados do CPF dela pra cadastrar o chip”, conta.De acordo com a professora, o criminoso utilizava em seu perfil foto de uma mulher desconhecida. Após pesquisas, ela descobriu que a foto era de uma mulher que havia morrido em 2016. “Hoje eu ando em pânico. O processo está rolando, mas outros números continuam me enviando mensagens em tom de assédio e ameaças e fotos de órgãos masculinos”, reforçou.

Segundo informações, a professora apresentou diagnóstico de quadro de depressão e transtorno de ansiedade generalizada. “Depois desses episódios, desenvolvi automutilação. Já procurei ajuda psicológica, mas a situação ainda é difícil”, finaliza.

A professora tem recebido mensagens de apoio nas redes sociais. “Repudio qualquer forma de agressão e cerceamento da liberdade da pessoa expressar sua orientação sexual da forma que for. Vivemos em uma sociedade em que o ódio e a violência são estimulados, inclusive sobre o aval de ideologias de instituições que deveriam ser inclusivas, mas onde algumas pessoas não seguem uma cultura de paz para com o diverso”, diz uma das publicações.

O site O Estado teria conversado com a diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena. Ela teria informado que o caso da professora pode passar despercebido pela inexistência de uma delegacia atuante aos direitos da mulher ou LGBTs.

A Casa da Mulher Brasileira possui um Núcleo de Defesa da Mulher e da População LGBT, que tem à sua frente a defensora pública Lindevanea Martins. Ela explicou ao site O Estado que o caso da professora pode ser tratado como crime contra mulher e, em breve, como crime homofóbico. “Nós temos mensagens de cunho lesbofóbico sendo enviadas para a professora, assim como temos mensagens de cunho machista, que insinuam que ela é lésbica porque nunca teve uma relação sexual de verdade. Isso nós chamamos de estupro corretivo e é um dos crimes mais comuns no Brasil em que vivemos”, explica a defensora.

“A delegacia em que a professora prestou ocorrência deve ser a responsável primária em cima do caso, mas isso não impede que nós, junto à Defensoria, entremos com medidas que acelerem e ajudem no processo judicial”, diz a advogada. Por se tratar de uma lei única, os juízes e promotores da delegacia de Grajaú têm a competência de atuar nesses casos.

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