A cidade de Grajaú recebeu hoje quarta-feira (21) de agosto com muito pesar a noticia
da morte de Ivente Dualibe Barros de 84 anos, a mulher que fez a TV Globo
chegar até Grajaú no quadro me Leva Brasil, faleceu em Imperatriz depois de
internada desde o dia 22 de julho. Ivete foi diagnosticada com infarto e
submetida ao cateterismo juntamente com uma angioplastia e, neste processo teve
dificuldades de respirar.
A mulher das roupas brilhantes das manhãs nas missas
da Igreja catedral de Grajaú, faleceu por volta das 23h30min no hospital de
Imperatriz, o corpo será velado na sua residência na Pousada Rio Grajaú próximo
à ponte de madeira no centro da cidade. Abaixo desta reportagem você acompanha
o vídeo do “Me Leva Brasil” onde Mauricio Kubrusly entrevista dona Ivete.
Veja também este texto de Alan Kardec dedicado à
mulher que Ivete foi na vida de todos.
Dizem os hinduístas que a vida é um sonho. Que não
vivemos a realidade. Nossa vida seria uma sequência de ilusões bem encadeadas.
O argumento que eles usam é que, quando estamos sonhando, esse sonho parece
muito real. Até que acordamos e percebemos que, de fato, não estávamos caindo
ou mesmo havia um animal nos perseguindo.
Hoje é um dia desses. Devastadores. Que você tem de
parar para abastecer ou pede para alguém lhe acordar. Minha madrinha – um dos
ícones e exemplos que carrego nas memórias mais caras – desembarcou do corpo
físico e foi cantar no mundo dos espíritos. A Leoa de Grajaú foi cuidar de
outras ninhadas do outro lado do mundo material.
Não imagino que haja, mas me dou o direito de
imaginar o que esses filhos, sobrinhos, irmãos ou amigos estão recebendo da cozinha
da Tia Ivete. Imagino que uma refeição lauta. Com uma mesa imensa. Bolo de
arroz e de macaxeira. Cuzcuz de arroz e de milho. Suco de caju tirado do pé.
Pequi cozido, já descascado. Ovo de galinha caipira – com gema bem amarela
quase ouro. Claro que você vai me perdoar hoje – pelo menos hoje – de ter
inveja deles. Aquela coisa: você não acredita que eles estão felizes sem você!
Lá estão o Allan Kardec, Pai Filuca, Mãe Luíza, Vó
Nazoca, Bené, Artur Félix, Adib, tio Artur, tia Iza, tia Ieda. Certamente. E
tantos mais outros queridos. Festejando com a alegria o retorno da Vencedora da
Vida. Enquanto aqui do nosso lado as lágrimas teimam em borbulhar dos olhos
cansados de chorar.
Uma vez retornamos da Buritirana. Não, não foi de
carro. A pé. 22 quilômetros. À noite. Com uma lanterna que eventualmente
acendíamos para iluminar a estrada (quando a lua se escondia atrás da copa das
árvores). Engraçado que íamos falando de tudo. De personalidades de Grajaú a
mundo dos espíritos. Chegamos ao asfalto. Seriam mais 11 quilômetros. Não
passou um carro. Cheguei exausto em torno da meia noite e caí na cama. Quando
acordei a Tia Ivete já estava de pé, cuidando da casa – com o café da manhã
pronto.
Para quem nunca descansou, não imagino que, desfeita
da veste física – mais leve – vá conseguir parar um minuto! Por isso tenho
inveja de quem está comendo do café da manhã que ela preparou. De novo, ela
partiu na madrugada, para que quando todos acordassem, vissem aqueles olhos
lindos e intensos que mergulhavam nos meus como devassassem o infinito. Já deve
ter inclusive chamado a turma para o almoço. E eu aqui – e nós aqui –
imaginando como deve estar animada a casa do Pai Filuca com a chegada da Ivete.
Enfim, não nos esqueça aqui. Visite-nos de vez em
quando! Falei agora com o Lincoln que a senhora teria partido para os braços de
Deus. Ele retrucou que preferia que a senhora não tivesse ido. Tampouco eu.
Continuaremos cobrando sua presença em suas fotos que ficam. Flores. Plantas. E
um pedaço do coração que a senhora levou sem pedir. Portanto, retorne sempre!