Nação indígena de Bacurizinho suplica indignada providencias contra extração de madeira na reserva


Indígena demonstra sua indignação com o total descaso dos órgãos competentes junto a suas comunidades. Cobra pela presença do IBAMA e da FUNAI em defesa dos mesmos em seus territórios.

“A invasão dos madeireiros na terra indígena Bacurizinho vem se arrastando ao longo desses dez anos, não é algo que aconteceu esse ano. A terra indígena Bacurizinho é homologada com seus 83 mil hectares esta com 70% explorado por esses atos ilícitos cometidos pelos madeireiros de Grajaú, Arame, Barra do Corda e outros municípios. Alguns dos mesmos já foram identificados, pois foram pegos em flagrante. Temos feito denúncias aos órgãos de responsabilidade, incluindo a FUNAI, mas até agora não houve nenhuma ação e nem sequer uma proposta com objetivo de inibir ou coibir esse ato criminoso que é cometido por esses madeireiros. Apelos foram feitos por nos para que a polícia militar de Grajaú, sobre o comando do Major Luna, fizesse um trabalho ao nosso lado e constatamos o estrago que foi feito por esses madeireiros. Mas não tivemos como constatar quem era o responsável por aquele dano. Em março desse ano fizemos mais uma vez um trabalho juntamente a polícia militar de Grajaú na região da Aldeia Sumauma, identificamos um caminhão azul e também um tratorista. Segundo um casal, recebemos a informação de que o caminhão azul pertencia ao senhor Cossino que é esposo da senhora Rose. Quando o motorista desse caminhão avistou a chegada da polícia, abalou-se do local e deixou lá uma moto. O caminhão foi deixado na aldeia, a polícia levou a moto e um motosserra para a delegacia. Na época, fizemos um boletim de ocorrência e esses equipamentos foram entregues na delegacia. Havia também um trator e o mesmo ficou na localidade. Mesmo com essa ação frívola da polícia militar, já esperávamos que as ações ilícitas fossem continuar. Temos também a identificação de meia dúzia de indígenas participando desse ato criminoso.  Essa situação vem se prorrogando e se aproximando de aldeias maiores como próximo a Aldeia Bacurizinho que é a aldeia sede. Há uma reação por parte de alguns indígenas porque os mesmos já se vêm ameaçados, visando que se o processo continuar da forma que esta, terão que abandonar a aldeia para que os madeireiros ocupem aquelas casas. Dia 09 e 10 de agosto, ocorreu uma ação entre a região do Bacurizinho e do Bananal e foram encontrados alguns madeireiros lá dentro, inclusive um caminhão amarelo que foi localizado pelo grupo que fez este trabalho, o mesmo foi queimado. Encontramos também dois tratores e um desses tratores, segundo o tratorista que se encontrava no local, Ezequias, morador da Rua da Extrema, o trator pertencia à senhora Rose e ao senhor Cossino. Esses equipamentos foram queimados, um caminhão amarelo, dois tratores, uma moto e os motosserras que foram encontrados no local. Após estes fatos, há informações de que esses madeireiros estão ameaçando alguns idealizadores dessas ações, inclusive a mim, segundo estas informações, eu posso ser vitimado com minha própria vida porque sou vereador e estou por trás das ações que resultaram na queima desses equipamentos. Mas as autoridades competentes estão investigando a legitimidade dessas ameaças.  O que quero deixar claro tanto para o casal, Rose e Cossino, e para outros que vierem a saber desse fato é que o casal e os outros identificados já foram denunciados para as autoridades competentes e serão procurados pela justiça. Digo que não estou com receio de nenhum atentado, agora eles deveriam ter a consciência de que estão praticando atos criminosos, pois estão roubando nossa madeira, acabando como nossas caças e destruindo a nossa mata. Não são os índios que estão vindo as serralherias pegar objetos dos madeireiros, os mesmos não vieram a cidade queimar caminhões e nem outros objetos. Esses equipamentos estão lá na região e a informação que temos é que continuam indo outros madeireiros também para a mesma região. Caso tenha continuidade da ação desse grupo em ralação a isso, se houver um confronto, pode resultar em uma situação grave, porque há o risco de se perder vidas. Temos informado isso às autoridades. Obtivemos informações de que os madeireiros têm levado armas, inclusive para os índios irem de encontro aos outros que são versus a retirada ilegal da madeira da terra indígena. Outro fato a ser descoberto é que um paranaense por nome de Valdomiro, se não me engano, abriu um ramal de aproximadamente 28 m de largura por 2 km de extensão e fez a eletrificação da propriedade dele puxando da rede que beneficia as aldeias da terra indígena. Sua propriedade fica acima do Nazaré que limita com a terra indígena Bacurizinho. O mesmo não buscou ter um diálogo com os indígenas, com a FUNAI e tão pouco pedir a permissão para o IBAMA para poder fazer essa abertura. Isso para nos é uma situação de risco, é muito perigoso porque já estamos tendo conflitos com madeireiros e esse fazendeiro chega sem um diálogo conosco. Pondo em risco a nos mesmos, pois é uma área aonde circulamos e precisamos de espaço, de convivência, mas dessa forma entendemos que ele invadiu uma região que é de nossa ocupação, vivemos e precisamos desse espaço. Há também muitos caçadores e essa região é um centro de caçada nossa, de onde retiramos as caçadas para fazer nossas festividades como o Muquiado. Temos a informação de que o Senhor Estevan anda lá com o seu grupo, matando todo tipo de caça, inclusive antas. Tivemos informações que mataram já esse ano e é uma situação de grande preocupação porque estão acabando com as caças por esporte e não para a sua sobrevivência como nos precisamos. Semana passada estive em Brasília para participar de um curso, após o mesmo, fui à comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, na Comissão Parlamentar do Meio Ambiente, na Ouvidoria da FUNAI, na Sexta Câmara da Procuradoria Geral da República e em todas as instituições reforcei a denúncia com relação aos madeireiros e caçadores, inclusive citando nomes, tanto dos madeireiros identificados quanto dos indígenas que estão participando desse ato criminoso. Tenho feito inúmeras denúncias, mas parece que esse tipo de denúncia só fica mesmo no papel, pois as instituições não tem tido sensibilidade em relação a isso, principalmente a FUNAI e o IBAMA. Estive na audiência pública contra as queimadas na Grota da Luz, onde o IBAMA vem inventar que estão planejando uma ação para todas as terras indígenas. Isso para mim é um ato mentiroso da instituição IBAMA porque já estou com quase 50 anos de idade e sempre ouço falar que as instituições, essencialmente o IBAMA, vivem nesse eterno planejamento. Mas as ações não estão acontecendo na prática, o IBAMA é conivente com essa prática criminosa quando ele deixa de fazer a sua parte que é inibir ou coibir esse ato maléfico.”

Com: Sediverte.com


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