Em mais uma ação derivada da Lava Jato,
a Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (26), uma operação para
investigar suposto esquema de fraude, cartel e propina na construção de
ferrovias.
A Operação 'O Recebedor' se vale de
informações coletadas delações premiadas e documentos da Lava Jato. A
investigação foca o pagamento de propina para a construção das ferrovias
Norte-Sul e integração Leste-Oeste. Há indícios de prática de cartel e lavagem
de dinheiro.
Só em Goiás, a PF apurou mais de R$ 630
milhões desviados na construção da ferrovia Norte-Sul.
São cumpridos sete mandados de condução
coercitiva e 44 mandados de busca e apreensão, no Paraná, Maranhão, Rio, Minas
Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Goiás.
Entre os alvos de busca e apreensão
estão a sede da Odebrecht, no Rio de Janeiro, a da Constran, em São Paulo. A
Polícia Federal e o Ministério Público Federal de Goiás conduzem a operação. As
diligências foram autorizadas pelo juiz Eduardo Pereira da Silva, substituto da
11ª vara federal de Goiânia.
Os investigadores concluíram que as
empresas fechavam contratos simulados. Segundo a PF, um escritório de advocacia
e duas empresas com sede em Goiás eram usadas de fachada para maquiar a origem
ilegal de dinheiro, proveniente de fraude de licitações públicas.
Na capital paulista, policiais estão na
sede da Constran, na Serveng –empresa que atua nas áreas de engenharia e
construção, mineração e energia– e na casa de um ex-funcionário da companhia.
O nome da operação faz referência à
defesa apresentada por um dos alvos em uma investigação anterior intitulada
"Trem Pagador", na qual seus advogados alegaram que "se o trem
era pagador, o alvo não fora o recebedor".
Deflagrada em 2012, a Trem Pagador teve
como principal investigado José Francisco Neves, conhecido como
"Juquinha", ex-presidente da Valec, estatal responsável por
ferrovias. No ano passado, o Ministério Público Federal denunciou Juquinha e
mais sete pessoas por diversas irregularidades em obras de ferrovias.
Os envolvidos devem responder por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
DERIVADAS
No final do ano passado, outra operação
derivada da Lava Jato, a Crátons, foi deflagrada para investigar esquema de
comércio e exploração ilegal de pedras preciosas em reserva indígena em
Rondônia. Ela se iniciou a partir do rastreamento das atividades do doleiro
Carlos Habib Chater, preso na primeira fase da Lava Jato, em março de 2014.
Segundo a PF, empresários, garimpeiros,
comerciantes e até indígenas participavam da exploração de diamantes na reserva
indígena Parque do Aripuanã, num local conhecido como Garimpo Lage, usufruto de
índios da etnia Cinta Larga.