O Correio conversou com exclusividade com a mãe que jogou
o filho de 5 meses no Lago Paranoá. Ao ser presa, Elisângela Cruz dos Santos
Carvalho, 36 anos, usava chinelo de dedo, calça de malha preta e uma regata
vermelha. À polícia, ela confessou ter jogado Miguel no Lago Paroná na noite de
sexta-feira (7/4). Depois disso, vagou pela orla. "Eu fiquei lá na árvore
e embaixo do viaduto. Eu só acordava e dormia. Acordava e dormia", relata.
Ela não sabe dizer por que jogou a
criança no espelho d'água. "Eu fui covarde em não ter ido junto",
sentencia. Elisângela contou que vivia com o marido na mesma casa, apesar de
estarem separados. Desde o fim do casamento, passou a sentir uma tristeza
muito grande. Não procurou ajuda médica e falava desse sentimento apenas com a
ex-sogra, a quem ela carinhosamente chama de "vó". E o que ela dizia?
"Para eu seguir em frente. Que casamento acaba e eu precisava tocar minha
vida".
Depois de sair de casa com dois dos três filhos, ela voltou e deixou
Pedro (nome ficctício), de 4 anos, na porta da residênica. Pegou um ônibus até
a Rodoviária do Plano e, de lá, seguiu para a Ponte JK. Perguntada sobre o por
que não levou o outro filho, ela não soube responder. Disse, no entanto, estar arrependida.
"Mas agora é tarde. Vou ter que pagar pelo meu crime", afirma.
Sofrimento
Os olhos
de Elisângela estavam inchados. Ela disse que chorou muito desde o ocorrido.
Sobre o que pensou após ter jogado o filho da ponte, ela resumiu: "Eu não
pensei em nada, a minha cabeça estava vazinhinha. É como se eu olhasse para
esta parede, visse esse tijolo e ele parasse dentro da minha cabeça. Eu não
pensava em nada, nem em ninguém".
Perguntada
sobre como ela acha que será a vida de agora em diante, Elisângela responde:
"Solidão. Não quero ver ninguém, não quero falar com ninguém. Não tenho
coragem de ver minha família".
O
delegado da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) pedirá a prisão preventiva da
mulher. Um laudo elaborado por psicóloga da Polícia Civil será anexado ao
pedido.