Uma cena digna de filme
policial — mas que infelizmente aconteceu na vida real — chocou moradores de
Codó na tarde desta quarta-feira (19). Por volta das 15h30, o advogado Germano Brandão e um funcionário do Cartório do Primeiro
Ofício estavam na praça ao lado do Colégio Militar para colher a assinatura de
uma funcionária da escola quando foram surpreendidos por uma abordagem violenta.
Segundo relatos, a advogada Talita Sereno chegou
ao local acompanhada do noivo, o médico psiquiatra Dr. Ivanenko Santos,
que atua no CAPS de Codó. Em poucos segundos, a situação saiu completamente do
controle. O médico — que atende pacientes com transtornos mentais — sacou uma
arma de fogo, tomou das mãos do funcionário do cartório o documento que seria
assinado e, em seguida, apontou a pistola para o advogado Germano,
dizendo que ele estaria descumprindo uma suposta medida protetiva relacionada à
sua ex-esposa, Talita.
Imagens gravadas por testemunhas mostram Ivanenko
com a pistola em uma mão e o envelope com o documento na outra. Na gravação,
ele insiste na narrativa de que Germano estaria violando uma ordem judicial. No
entanto, pessoas que presenciaram todo o episódio confirmaram à reportagem que Germano
já estava no local quando o casal chegou, contradizendo a versão
apresentada pelo médico.
Arma sacada novamente
— agora dentro da Delegacia
Após o choque inicial, o advogado e o funcionário
do cartório foram à Delegacia de Polícia Civil para registrar o boletim de
ocorrência. Mas a confusão estava longe de terminar. Minutos depois, o médico
Ivanenko apareceu na delegacia e, novamente em surto de descontrole
emocional, sacou a mesma pistola, iniciando uma discussão explosiva
com Germano. A cena ocorreu diante de várias pessoas, incluindo o delegado
regional Willan Soares.
A troca de ofensas elevou os ânimos e por muito
pouco a situação não terminou em tragédia. Os vídeos obtidos mostram o
psiquiatra vestindo uma camisa com a logomarca da Prefeitura de Codó e exibindo
um distintivo policial. Questionado, ele afirmou ao delegado ser policial civil
do estado do Piauí.
Atitude ilegal e sem
qualquer respaldo jurídico
Juristas consultados pela reportagem afirmaram que
o médico cometeu diversas irregularidades. Mesmo que fosse de fato policial
civil no Piauí, ele não tem autonomia para realizar qualquer ação
policial em Codó, muito menos para sacar arma de fogo em via pública sem
flagrante delito — e menos ainda dentro de uma delegacia do Maranhão, diante de
um delegado de plantão.
Depoimentos e
próximos passos
Após o tumulto, todos os envolvidos foram ouvidos
pela delegada de plantão, que deve decidir quais procedimentos serão adotados.
O Marco Silva Notícias ouviu cada
uma das partes:
- Germano Brandão afirmou
que não descumpriu medida protetiva, pois já se encontrava na praça antes
da chegada de Talita. Disse ainda ter sido ameaçado de morte pelo
médico e garantiu que irá representá-lo na Corregedoria da Polícia Civil
do Piauí.
- Talita Sereno, em nota,
alegou que houve “prisão em flagrante” pelo suposto descumprimento das
medidas protetivas. Segundo ela, seu companheiro agiu em legítima defesa —
e utilizou a arma não como policial, mas como “noivo”.
- O médico Dr. Ivanenko
Santos prometeu enviar um vídeo com a sua versão dos fatos, mas
até o fechamento desta matéria não cumpriu.
- O secretário municipal de
Saúde, Suelson Sales, informou que já havia determinado
a demissão do psiquiatra do CAPS.
O caso segue em apuração,
e nossa equipe continuará acompanhando todos os desdobramentos desta ocorrência
gravíssima que expôs, mais uma vez, a fragilidade da segurança pública e o
despreparo de agentes que deveriam zelar pela vida — não ameaçá-la.