Através do
olhar atento, entusiasmado e curioso de Glória Maria, nós, brasileiros,
testemunhamos a história, viajamos pelo mundo e absorvemos as mudanças do país
e da própria TV. Ela desbravou e nos levou junto. Durante mais de cinquenta
anos, foi nossa representante, nossa tradutora e nossa companhia.
Mais que
uma jornalista, Glória Maria foi uma pioneira. Na Globo desde 1971, a carioca
foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, mostrou
mais de 100 países em suas reportagens e apresentou a primeira transmissão em
HD da televisão brasileira.
Eu sou uma
pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar
racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade para ir, deixar
a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa.
Ela começou a carreira
durante a ditadura militar no Brasil, corajosa desde sempre: foi expulsa de uma
entrevista coletiva pelo ditador João Baptista Figueiredo.
Entre outros momentos marcantes, a jornalista cobriu a
posse de Jimmy Carter na presidência dos EUA, em Washington, em 1977.
A
repórter ainda cobriu a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada
japonesa no Peru pelo grupo terrorista Tupac Amaru (1996), os Jogos Olímpicos
de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
De 1998 a
2007, Glória Maria apresentou o “Fantástico”. No programa, também ficou
conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, que ficavam
ainda mais fascinantes sob o olhar dela.
Glória também realizou diversas entrevistas com lendas como Madonna, Michael Jackson, Harrison Ford, Freddie Mercury, Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio.
Glória definiu seu encontro com Madonna como especial: “Eu saí daqui, e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. Ao chegar, Glória Maria foi informada de que tinha quatro minutos para entrevistar Madonna.
A repórter contou que entrou em pânico. Mas, na hora, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”
Já a entrevista com Michael Jackson, em 1996, foi durante a passagem do cantor pelo Brasil. A reportagem foi exibida em fevereiro daquele ano pelo “Fantástico”.
"É claro que o Michael Jackson não dá entrevistas porque ele precisa manter a imagem de um mito. Mas a gente pediu, pediu, e ele aceitou dizer uma palavra para os brasileiros. 'Michael, tell something to the Brazilian people [diga alguma coisa para os brasileiros]'", disse.
No "Fantástico", Glória viajou por mais de 100 países. A jornalista seguiu sua volta ao mundo quando ingressou no Globo Repórter, em 2010.
Estreou com a matéria “Brunei Darussalam: A Morada da Paz”; um ano depois fez “Butão: O País da Felicidade” – as duas matérias sobre o pequeno sultanato no Sudeste Asiático, na fronteira com a Malásia.
Mais sobre a morte de Glória no G1