Djacy Oliveira fala de Lenilce Arruda, a imponente primeira-dama.

 

"Eu quero começar dizendo a todos os grajauenses: nunca fui fã de velórios, não me acostumei a essa situação. Às vezes, participo de enterros ou despedidas de corpo apenas quando a pessoa é muito próxima a mim, para uma estimada visita de despedida. Mas hoje, senti-me na obrigação, como pessoa pública e comunicador, de prestar minha homenagem, mesmo que em silêncio, a alguém que, nesta trajetória de vida em Grajaú, sempre admirei — ainda que ela não soubesse.

Admirava-a pelo modo como se vestia: roupas finas, elegantes, leves, sem exageros, um tipo de tecido finíssimo e com riqueza de detalhes discretos. Sua bolsa, sapatos, colares, maquiagem discreta… Ela era a elegância em pessoa, desde o caminhar até o modo de falar, sempre calmo e com gesticulações suaves. Assim era a inestimável Lenilce Arruda.

Como disse, nunca fomos íntimos. Cumprimentamo-nos algumas vezes em eventos públicos, nos quais sua honrosa presença lhe dava o direito, como uma matriarca de Grajaú, de acenar ou falar com todos. Foi prefeita de nossa cidade de 1993 a 1996, anos em que eu ainda era menino. Com o passar dos anos e a chegada da maturidade, aprendi a admirá-la. É natural admirarmos alguém sem necessidade de proximidade. Assim como admiro outra mulher do Maranhão, Roseana Sarney, pelo tipo de pessoa que é, assim também era com Dona Lenilce. É preciso guardar esse respeito admirável sem que ninguém mais saiba, somente Deus.

Mas, como eu dizia, hoje, 4 de novembro, senti-me na obrigação de ir ao velório mais importante de Grajaú, por se tratar da primeira-dama. Para mim, ela ainda não deveria partir, pois estava no exercício de sua importante missão para nós. Mas quem sou eu para questionar a vontade de Deus? Deixei de lado a frase "não gosto de ir a velórios" e fui, pois eles — Mercial, Ricardo, Adriana — mereciam esse carinho humano em um momento de dor. Não é porque não concordamos sempre com as mesmas opiniões que o exercício do trabalho jornalístico nos traz, que devemos ser tão cruéis a ponto de não dar um abraço ou uma palavra de conforto. Trata-se de pessoas, seres como nós, da mesma criação e do mesmo Criador. É nestes momentos de dor que sentimos a dor do outro. A crítica comunicativa ao governo de Mercial fica de lado; ali é o momento humano, harmônico, de partilhar aquele sofrimento que nos traz lágrimas ao rosto, pois um dia seremos nós, ou será um parente nosso, e a dor da perda chama a outra pessoa pela vibração do sofrimento, compartilhado pelos de bom coração.

Entrar na casa da primeira-dama pela primeira vez em um momento tão difícil, porque a dor da perda nunca é boa, fez-me ver no semblante do prefeito a dor da separação. Vi no olhar de um filho a lágrima contida, para não cair diante do público. Deputado Ricardo, prefeito Mercial, são estes os momentos que provam a verdadeira essência de Deus em nossos corações. Hoje, eu, Djacy Oliveira, quero falar não como jornalista, mas como ser humano, expressando um sentimento que vem da alma, de um líder espiritual que sou. Sou a minoria diante de tantos homens religiosos importantes, mas meu trabalho é no silêncio, levado pelas asas de um anjo. E assim levei meus sentimentos sinceros e minhas preces ao lado do caixão desta imponente e honrosa mulher, meio mineira e meio grajauense, mas mais grajauense do que estrangeira.

Foi gratificante ver quão bela e arrumada estava ela dentro do caixão, com vestuário ao seu nível, de classe e elegância. Tão perfeita, estava a descansar sua matéria naquela urna eterna. Ela recebeu e continua recebendo, em espírito, tudo que foi vibrado, falado, e tudo que ainda será dito daqui em diante. Dona Lenilce merece pérolas diamantadas, rubis e cristais de ouro e escarlate no plano de luz, por ser a mulher que foi. Sei o que é a dor da perda; perdi meu pai há dois anos. A dor é inexplicável, mas será passageira quando Deus assim determinar. A saudade fica sempre, nunca se esquece quem amamos, mas a dor ela para de doer.

Hoje, quebrei protocolos para estar presente, pois a primeira-dama merecia muito mais do que a presença de nosso povo. São palavras que vêm do discernimento de Deus; é isso que nos faz plenos diante do amor ao próximo. Todas as indiferenças devem ser deixadas de lado em momentos como este. Sempre tratei essa família com respeito, uma família que é marco na história política grajauense. Se um dia eu tivesse desrespeitado com palavras que manchassem a integridade da família Arruda, teria plena consciência da minha falha e jamais seria capaz de pisar no solo particular dos Arrudas para olhar nos olhos daqueles que se recuperam da dor da perda. O que me levou a prestar homenagens a essa grande mulher foi o respeito e o coração que tenho quando se trata de momentos como este.

Por isso, volto a dizer o que já disse: não tenho palavras para expressar a importância de Dona Lenilce para Grajaú. Sinto um arrepio no corpo, um nó na garganta ao ver tantos veículos públicos, honrosamente com suas sirenes ligadas, carregando a primeira-dama adormecida sobre o carro dos bombeiros, para uma viagem sem volta, rumo à eternidade. Mas, por que no Canoeiro e não ao lado de sua casa? Não sei, não sabemos; só ela sabia por que quis repousar eternamente lá, o que foi uma atitude admirável e humilde. Vá em paz, Dona Lenilce."

Djacy Oliveira

 

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