A secretária
da Mulher do município de Coelho Neto, no interior do Maranhão, deu explicações sobre os vídeos de uma gincana, promovida pela prefeitura,
que viralizaram nas redes sociais pelos shows explícitos de gogo boys, com a presença de adolescentes e crianças.
Nos vídeos, homens realizam uma performance erótica, com
simulação de ato sexual, e com a participação do público. O caso virou caso de
polícia, que está investigando possíveis crimes relacionados ao Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA).
Segundo a secretária da Mulher, Flaynie Rego, a
gincana teve muito mais do que o momento do show dos gogo boys, como uma marcha
contra o feminicídio, palestras e serviços de beleza às mulheres. No entanto,
apenas a parte do show do 'Clube das Mulheres', que era uma prova com strippers,
está sendo falado.
"No regulamento, eu disse como deveria ser a
prova, a parte do regulamento, como se fosse o 'Clube das Mulheres', para
passar aquela coisa da sensualidade, do fetiche, porque a gente não fala só do
empoderamento da mulher vítima de violência, a gente fala da mulher de modo
geral. Sexualidade. (...) A gente fala de tudo isso de maneira aberta para
poder desmistificar esses tabus que acontecem relacionados a mulher porque a
gente está conquistando nossos espaços todos os dias", contou Flaynie ao
Mib Cast, um podcast local.
Flaynie conta ainda que não era prevista a presença
de menores durante a competição com os gogo boys, o que teria tornado todo o
esforço para a realização do evento, com tantas qualidades, um 'pesadelo'.
"A prova exigia os critérios e foi enfatizada
a questão de ter cuidado com as crianças. Na hora dos shows, a gente falava que
era impróprio para crianças. As crianças estavam com os pais, a todo
momento"
"Pegaram
uma coisa pontual para denegrir a imagem da gincana, que tem uma mensagem
linda. Deixaram de falar da marcha, que falou do feminicídio e pedimos justiça
... homenagem a mulheres humildes. (...) Mas a ânsia de falar mal é tão grande,
que coisas importantes ficam para trás. (...) Ali tudo era uma brincadeira e de
repente se transformou em um pesadelo", declarou a secretária.
Flaynie também concordou que, mesmo dentro do que
era previsto na prova, ocorreram excessos, mas que a secretaria não teve
responsabilidade.
"Teve excessos, teve. Não vou negar porque
teve excesso por parte do público, que não é controle nosso. Pessoas que
correram, que pulou [no gogo boy], que foi pra cima. Isso não foi combinado,
não foi dito, não foi pedido", afirmou.
Caso pode se enquadrado como
crime, segundo a polícia
Logo após os vídeos viralizarem, a Polícia Civil de
Coelho Neto começou a investigar a gincana e a presença de menores de idade. Em
uma nota, encaminhada pela Delegacia Regional de Caxias, o delegado Diego Rocha
declarou repúdio.
“Vejo isso como total descaso com as crianças e as
famílias. Não se pode considerar a performance como arte, mas sim como uma
erotização na presença de um público com crianças e adolescentes, induzindo-os
a cometer atos inadequados, que podem comprometer o psicológico e o futuro da
criança"
Ainda segundo o delegado, a conduta apresentada nos
vídeos pode ser classificada como crime e infração administrativa, conforme o
Estatuto da Criança e do Adolescente, mas que somente a investigação poderá
comprovar e apontar os responsáveis.
Uma denúncia formal sobre a gincana também foi
protocolada no Ministério Público do Maranhão (MPMA).