O médium e líder espírita Divaldo Franco morreu nesta terça-feira (13), aos
98 anos, em Salvador. A
causa da morte ainda não informada, mas ele lutava contra um câncer
na bexiga desde novembro do ano passado e, nesta noite, teve
falência múltipla dos órgãos.
O óbito foi constatado às 21h45, quando Divaldo
estava em sua casa, na sede da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima. Ele
recebia atendimento na modalidade home care.
Um ato aberto
ao público será realizado das 9h às 20h de quarta-feira (14), no ginásio de
esportes da Mansão do Caminho para que as pessoas prestem suas últimas
homenagens. A pedido do médium, as cerimônias póstumas serão de curta duração,
sem cortejo em carro aberto e o caixão permanecerá fechado. O sepultamento será
às 10h de quinta (15), no Cemitério Bosque da Paz.
Reconhecido como um dos principais líderes religiosos do Brasil, Divaldo começou a tratar o tumor assim que descoberto, ainda em fase inicial. O tratamento foi feito com sessões de radioterapia associada a “pequenas doses” de quimioterapia.
Natural de Feira de Santana, cidade a cerca de 100
km de Salvador, ele dedicou mais de 70 anos ao espiritismo. Colheu os frutos de
todo esse trabalho ao se consagrar como uma das vozes mais respeitadas na área.
Sua trajetória
começou a ganhar destaque em 1952, quando fundou a Mansão do Caminho,
localizada no bairro de Pau da Lima, em Salvador. A entidade acolhe e educa
milhares de crianças que antes viviam em condições de miséria extrema.
Depois, na década de 1960, iniciou a construção de
escolas, oficinas profissionalizantes e atendimento médico, transformando a
entidade em um grande complexo educacional. Até hoje, o espaço atende crianças,
jovens e famílias inteiras de baixa renda, com atividades diversas, ensino
fundamental e médio, cursos profissionalizantes e atendimento de saúde. Todo o
trabalho é mantido com a venda dos livros mediúnicos e das gravações de
palestras, seminários, entrevistas e mensagens do próprio Divaldo.
O médium também fez carreira como autor de mais de
250 livros, muitos deles psicografados a partir de histórias de diversos
espíritos. Em 2015, ele ganhou uma biografia assinada pela jornalista Ana
Landi.
Divaldo Franco não deixou filhos biológicos, mas
era reconhecido como pai de cerca de 685 pessoas que acolheu e instruiu ao
longo dos anos na entidade espírita.
Mediunidade descoberta na
infância
Nascido em 5 de maio de 1927, Divaldo Franco é o
caçula de 12 irmãos. A biografia disponível na Mansão do Caminho conta que ele
desenvolveu a mediunidade ainda na infância, mas sofreu com críticas e até
surras dos pais que não entendiam e consideravam suas visões
"demoníacas".
Com isso, seu contato inicial com o espiritismo foi
difícil. Além da discriminação no meio familiar, Divaldo precisou lidar com
visões perturbadoras e um espírito obsessor que o perseguia aos 7 anos.
A situação só melhorou anos depois, quando Divaldo
enfrentou um problema de saúde que o deixou por meses acamado. Após recorrer a
diversos médicos, a família enfim aceitou que uma médium o visitasse. Foi ela
quem entendeu que ele era oprimido por um espírito e identificou sua
mediunidade.
G1.com