PF investiga fraudes no seguro defeso de pescadores do MA

 


O Maranhão está no centro de uma nova onda de suspeitas de fraudes no seguro defeso, benefício pago pelo INSS a pescadores artesanais durante o período em que a pesca é proibida para preservação ambiental. O estado lidera o número de registros no programa, com cerca de 590 mil cadastros de pescadores ativos até maio de 2025, o equivalente a um terço de todos os inscritos no país.

Apesar do número expressivo de beneficiários, a produção de pescado no estado não acompanha esse crescimento. Em 2022, o Maranhão ocupou apenas a sexta posição no ranking nacional, com 50 mil e 300 toneladas de peixe, ficando muito atrás de estados como o Paraná, que liderou com 194 mil e 100 toneladas.

Outro dado que chama atenção é o número de embarcações. O Maranhão possui apenas 621 barcos registrados para pesca e nenhuma empresa pesqueira formalizada, um contraste gritante em relação a estados como Santa Catarina, que conta com 218 empresas e 2 mil e 319 embarcações.

Municípios com proporções irreais

A distorção nos cadastros também é visível em cidades maranhenses de pequeno porte. Em Boa Vista do Gurupi e Cedral, por exemplo, mais de 30 por cento da população adulta está registrada como pescadora, proporção incompatível com a realidade econômica dessas localidades. Em algumas cidades, o número de beneficiários do seguro defeso ultrapassa com folga o de moradores efetivamente ligados à pesca.

O cenário aponta para uma possível manipulação nos registros do RGP, o Registro Geral da Pesca, utilizado para garantir o acesso ao benefício. Em todo o Brasil, o número de pescadores registrados saltou de 1 milhão em 2022 para 1 milhão e 700 mil em maio de 2025, um crescimento de 500 mil em pouco mais de um ano, impulsionado por entidades conveniadas ao INSS, algumas já sob investigação.


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