Exportações brasileiras crescem mais de 50% com recuperação econômica da Argentina

 


A recuperação econômica da Argentina tem alavancado as exportações brasileiras que, neste ano, já aumentaram mais de 50%. Das 1.500 novas vagas abertas por uma montadora, em todo o país, 1.200 foram em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Esta unidade fabrica a maior parte dos carros exportados para a Argentina. E o nosso parceiro do Mercosul está comprando muito mais. O aumento nas exportações da montadora foi de 73% de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2024.

Valter Ferreira, diretor de planta da Fiat de Betim, afirmou: “A exportação para a Argentina contribui muito para esse crescimento. Com isso, de verdade, a gente abre oportunidades de emprego, de desenvolvimento, é um importante momento para o polo de Betim, sim.”

As exportações brasileiras para a Argentina passaram dos dez bilhões de dólares nos sete primeiros meses do ano, uma alta de 53% em relação ao mesmo período de 2024. Esse resultado foi impulsionado pelas vendas da indústria automobilística, que mais que dobraram (+116%).

O Brasil também exportou para o país vizinho mais máquinas e equipamentos industriais (+36%) e aparelhos elétricos (+43%). Reflexos, segundo analistas, da melhora da economia argentina.

Quando o presidente Javier Milei assumiu, em dezembro de 2023, ele promoveu um grande ajuste econômico. Cortou gastos públicos, privatizou estatais e desvalorizou o peso, que vinha sendo controlado artificialmente.

A pobreza atingiu mais da metade dos argentinos em 2024, mas agora diminuiu para 38% da população. Já a inflação mensal, que bateu em 25,5% na posse de Milei, despencou para 1,9% agora em julho.

O professor de economia Roberto Dumas diz que o acordo com o FMI, que vai liberar 20 bilhões de dólares em empréstimos, é sinal de que as coisas estão entrando nos eixos por lá.

Roberto Dumas, professor de economia do Insper, explicou: “A inflação antes do Milei, nos últimos dez anos, bateu 12 mil por cento e o Milei logrou cortar vários gastos públicos, tanto é que agora eles estão em superávit fiscal.”

É bom também para o Brasil, que tem na Argentina o seu terceiro maior parceiro comercial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Uma relação antiga, fortalecida desde a criação do Mercosul, e que continua agora, mesmo com as trocas de hostilidades e diferenças políticas entre Javier Milei e o presidente Lula.

O professor de Relações Internacionais Vinícius Rodrigues Vieira explica que, mesmo quando há desavenças entre governos, os negócios entre os países podem ser mantidos e ampliados.

Já em relação ao tarifaço de Donald Trump, que está num impasse, os especialistas têm repetido que o Brasil precisa fortalecer os laços diretos com parceiros antigos e procurar novos mercados.

“É importante que o Brasil esteja firme com vários parceiros. Com a Argentina, principalmente, porque tem maior valor agregado", diz Dumas.

 

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